Gregório de Matos
Gregório de Matos (1636-1696) é o maior nome da poesia barroca brasileira. Não teve nenhum livro publicado em vida. Depois de sua morte, os manuscritos encontrados foram sendo publicados em diferentes coletâneas, sem nenhum rigor crítico. O que chamamos de obra poética de Gregório de Matos é, na verdade, fruto de pesquisas nessas coletâneas, o que ainda deixa dúvida sobre a autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos.Suas poesias amorosas e religiosas, que revelam influência do barroco espanhol, despertaram inicialmente a atenção da crítica, mas hoje sua produção satírica, escrita em linguagem debochada e plena de termos de baixo calão, também vem sendo valorizada por representar um documento do ponto de vista sociológico e linguístico. Por suas críticas ferinas à sociedade baiana, Gregório de Matos recebeu o apelido de "Boca do Inferno".
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- "Esse povo maldito..."
- [Fugindo da Bahia]
- "(...)
- Ausentei-me da Cidade
- Porque esse Povo maldito
- me pôs em guerra com todos
- e aqui vivo em paz comigo.
- Aqui os dias não me passam,
- porque o tempo fugitivo,
- por ver minha solidão,
- pára em meio do caminho.
- Graças a deus, que não vejo
- neste tão doce retiro
- hipócritas embusteiros[2]
- velhacos entremetidos[3].
- Não me entram nesta palhoça
- visitadores prolixos[4],
- políticos enfadonhos[5],
- cerimoniosos vadios.
- (...)"
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